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Mostrando postagens de outubro, 2022

Uma homenagem aos professores

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   Uma homenagem aos professores Alunos de uma escola francesa, no início do século XX No quadro de ardósia: O povo que possui as melhores escolas é o primeiro entre todos os povos; se o não é hoje, sê-lo-á amanhã.

AS TENSÕES CONTRADITÓRIAS DA RENASCENÇA

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AS TENSÕES CONTRADITÓRIAS DA RENASCENÇA MONTAIGNE OU A MUTAÇÃO DO CONHECIMENTO Nisto também o século XVI evidentemente é um período de transição que, sob muitos aspectos, prolonga as mutações e as fraturas das práticas literárias de fins da Idade Média. Sem pretender expor aqui a inesgotável riqueza da literatura da Renascença, parece-me necessário apresentar três figuras capazes de ilustrar o "trabalho" dos hábitos culturais por esse espaço privado em constituição que já mencionei. Em primeiro lugar, Montaigne. Não pretendemos analisá-lo exaustivamente, nem tampouco a Rabelais ou a Ronsard. A obra desses três escritores excede em muito o ponto de vista extremamente limitado que adotei no presente trabalho. Ler Montaigne, Rabelais ou Ronsard ultrapassa de longe nosso escopo. Eu gostaria simplesmente de lembrar a mutação do conhecimento (e em especial de sua posição) que os Ensaios representam. Nada neles remonta à suma medieval ou ao comentário escolástico. A suma, os Ensaios

Curiosidades encontradas no casamento romano

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- O casamento era sobretudo um acordo entre dois chefes de família; - Trocar de parceiro era tão comum que alguns homens - emprestavam - suas mulheres e filhas a terceiros; - Era uma posse do marido que se emancipava apenas quando ele morresse;  - Rômulo elaborou um plano para tomar as moças à força : convidou os vizinhos para assistir aos jogos em homenagem ao Deus Consoem sua cidade. Sem desconfiar latinos e sabinos aceitaram o convite e levaram suas filhas. No meio da festa, porém, os romanos surpreenderam os visitantes e se apoderaram de suas mulheres. - Nem o casal enem a família eram exemplos do modelo ideal de vida doméstica no sentido moderno; - Era o chefe da família que decidia o casamento dos filhos; - Os homens tinham liberdade para relações extraconjugais; - Metade da população feminina morria antes dos 40 anos; - Trocar de mulher era tão comum que alguns homens romanos emprestavam suas esposas , irmãs, filhas e terceiros; - Na Roma Antiga o casamento era visto como uma in

União, com ou sem a mão

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  Dois tipos de casamentos coexistiam no direito romano, cum manu e sine manu (com ou sem mão), e cada modalidade era regida por um regime jurídico diferente. A primeira colocava a esposa sob o domínio do marido, ao passo que a segunda, ela não ficava submetida ao esposo. Uma vez decidido o tipo de casamento, as famílias dos noivos celebravam uma festa, e a moça era levada ao domicílio do esposo. A validade do matrimonio era definida em comum acordo pelos cônjuges.

ABOLIÇÃO REVISITADA: ENTRE CONTINUIDADES E RUPTURAS

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ABOLIÇÃO REVISITADA: ENTRE CONTINUIDADES E RUPTURAS Ricardo Salles Resenha dos livros: ALONSO, Ângela. . Flores, votos e balas: o movimento abolicionista brasileiro (1868 - 1888) . São Paulo: Companhia das Letras, 2015, 529p. MACHADO, Maria Helena P. T.; CASTILHO, Celso Thomas. . Tornando-se livre. Agentes históricos e lutas sociais no processo de abolição . São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015, 480p. O objetivo dessa resenha é apresentar, nos limites desse formato, uma apreciação crítica de duas obras recentes que recolocaram, em termos gerais, a abolição da escravidão no Brasil como tema de peso da história e da historiografia brasileiras. A abolição da escravidão foi um fato central da história brasileira. Comparável à Independência, à Proclamação da República e à Revolução de 1930. Na verdade, nenhum destes três últimos eventos teve semelhante impacto transformador da vida social. A Abolição destruiu uma instituição e uma prática centenárias que moldaram a históri

Divórcio, uma revolução francesa

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  O regime surgido da revolta de 1789 transformou o casamento em união civil e, portanto, não mais indissolúvel. A nova legislação libertou a mulher da tutela legal do marido e transformou as relações do genero no ocidente

PARA UMA HISTÓRIA PLEBEIA DO LIBERALISMO

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PARA UMA HISTÓRIA PLEBEIA DO LIBERALISMO Ian Merkel Resenha do livro: SARTORI, Andrew. . Liberalism in Empire: An Alternative History.Oakland: California University Press, 2014. Neste último livro de Andrew Sartori, o autor trata da questão do “liberalismo plebeu” de uma maneira que promete mudar a direção da historiografia. Os discursos e a ideologia liberais foram considerados, até recentemente, como produtos da elite. Nesse sentido, a ideia do contrato social de Locke, por exemplo, protegia a propriedade destas mesmas elites. Sartori, cujo foco é Bengala no século XIX (hoje em dia dividida entre a Índia e Bangladesh), traz à luz atores liberais pelos quais a história intelectual nunca se interessou: os pequenos proprietários (raiyats) que podiam ser “Lockeanos” sem nunca terem lido Locke. Esses pequenos proprietários, Sartori mostra, usaram argumentos em defesa da propriedade de tal forma que consolidaram normas liberais relativas ao uso produtivo da terra e ao valor-trabalho. Seri

GOVERNAR A MISÉRIA: ESCRAVIDÃO, POBREZA E CARIDADE NA AMÉRICA PORTUGUESA NO INÍCIO DO SÉCULO XVIII

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GOVERNAR A MISÉRIA: ESCRAVIDÃO, POBREZA E CARIDADE NA AMÉRICA PORTUGUESA NO INÍCIO DO SÉCULO XVIII* GOVERNING MISERY: SLAVERY, POVERTY, AND CHARITY IN PORTUGUESE AMERICA AT THE BEGINNING OF THE 18th CENTURY Renato FrancoSilvia Patuzzi Resumo Em 1693, uma memória enviada ao rei de Portugal continha denúncias sobre a completa indiferença dos senhores em relação à doutrina, à vida sacramental e às exéquias dos escravos no Rio de Janeiro e em Salvador. Naquele mesmo ano, debates envolveram instâncias civis e religiosas no intuito de colocar noutros termos a desconsideração ritual em relação aos escravos. Nesse processo de reordenamento das atribuições que cabiam às esferas civis e eclesiásticas em relação ao governo doméstico dos escravos, foram particularmente importantes as obras de dois jesuítas - Jorge Benci e André João Antonil - e a normativa estabelecida pelas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia , em 1707. Neste artigo, pretende-se analisar como as controvérsias estabele